‘Já danificou bem público?’ ‘Conhece alguém que participou dos atos?’: questionário feito pela PF aos presos por atos antidemocráticos demonstra a importância da presença do advogado criminalista e do direito ao silêncio; veja foto e entenda

Questionário capcioso buscava confissão e indicação de possíveis autores ainda não identificados

O Jornal “O Globo” publicou, nesta terça-feira (10), uma foto do questionário utilizado pela Polícia Federal para dar celeridade à identificação e triagem dos mais de 1.500 detidos pelos atos antidemocráticos perpetrados em Brasília no último domingo (08).

As perguntas – capciosas, para dizer o mínimo – feitas pelos agentes buscava saber dos indivíduos informações fundamentais, como cidade natal; fonte de renda; quem financiou a ida a Brasília; data de chegada ao acampamento localizado nos arredores do Quartel General do Exército; redes sociais; participação nas manifestações na Praça dos Três Poderes; entrada em prédios públicos no dia dos fatos.

Havia, ainda, duas últimas perguntas, que, juntas, formavam o garrote final: “você danificou algum bem público?”; “saberia apontar alguma pessoa que danificou o patrimônio público na Esplanada dos Ministérios?”.

É importante pontuar, aqui, que o formulário, pelo menos em um primeiro momento, não ostenta ilegalidades, nem constitui estratégia ilegal de obtenção de informações. Pelo contrário. Investigar e levantar elementos de materialidade (existiu crime?) e autoria (quem o cometeu?) é justamente a tarefa da polícia.

O que se pontua aqui, na verdade, é que um indivíduo desprovido de conhecimentos jurídicos ou permeado pela pressão de estar detido e diante de uma autoridade policial pode acabar se incriminando (muitas vezes sem nem entender o porquê).

Tal cenário é pedagógico para assentar algumas questões fundamentais:

1) Jamais abra mão de um advogado no momento em que for preso;

2) Ninguém é obrigado a produzir provas contra si. O direito à não autoincriminação é um direito fundamental de todos;

3) Se não puder ser assistido por um profissional competente, opte pelo silêncio.

Divulgação/Polícia Federal

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