O Síntese Criminal publicou um trecho do discurso de posse de Ricardo Lewandowski no ministério da Justiça em que o ex-ministro do Supremo afirma que repressão policial não basta para acabar com o crime. Ele também atribuiu o problema da violência à miséria e à exclusão social.
O trecho gerou revolta. Para os irresignados, a frase do ministro soou como leniência com a criminalidade. A postura não surpreende. Longe disso. Para muitos, qualquer discurso que não contemple clichês como “a polícia prende e a Justiça solta” e “tem que prender mesmo” configura parcimônia com criminosos.
Vamos aos fatos: temos no país um terreno fértil para a criminalidade. Nas bocas de fumo brasileiras há uma reposição quase que instantânea de mão de obra.
Um soldado do tráfico foi preso? Sem problemas. Manda chamar logo o reserva. Se ele também não estiver disponível, certamente haverá uma terceira opção. Reposição não falta. Sabe como é a lei da oferta e da demanda, né?!
E a solução proposta é a aquela de sempre: tem que prender. O problema é que os que propõem essa solução “fácil” para o problema da incidência criminal ignoram um outro (que Lewandowski também lembrou): as prisões brasileiras são verdadeiros quartéis-generais das organizações criminosas, que a partir delas recrutam integrantes quase que a custo zero.
Está posta, portanto, a realidade: não só não conseguimos impedir que novos prospectos integrem o crime, como também alimentamos as organizações criminosas, que cada vez mais ostentam poder.
Enquanto isso, continuamos adubando nossas terras férteis. Oportunidade de ascensão social? Não criamos. Perspectiva de melhora para nossos jovens? Quase zero. Aqui, as árvores do crime crescem rápido e dão frutos com fartura.
Mas o que interessa é que no Brasil nós temos o que importa: populismo penal para eleger parlamentar. Resolver o problema é objetivo de menor importância. Essencial mesmo é saber que a verba para o marketeiro responsável pela campanha foi bem gasta.
Seguimos.