Prisões recentes têm muitos problemas, mas também são pedagógicas

Episódios demonstram que a epidemia de desrespeito aos direitos fundamentais no Brasil pode atingir qualquer um. Há chance de mudança. Aproveitaremos?
Foto: reprodução.

As prisões decretadas recentemente contra personalidades famosas no Brasil geraram uma onda de críticas à banalização da prisão preventiva e ao uso midiático do processo penal.

Embora violações de direitos e garantias fundamentais devam ser sempre repudiadas, um aspecto pedagógico emergiu desses episódios: eles acabaram mostrando que ninguém está imune a ter seus direitos cerceados ilegalmente sob o falacioso e genérico argumento de combate ao crime.

Aqueles que não fazem parte do “mundo jurídico” ou não atuam na área criminal podem acreditar que as prisões aparentemente desnecessárias da advogada e influencer Deolane Bezerra e do cantor Gusttavo Lima são exceções no país.

A prática, no entanto, demonstra o oposto.

O Brasil vive há muito uma epidemia de violações aos direitos e garantias fundamentais que, com grande contribuição da mídia, do Legislativo e do próprio Judiciário só se intensifica.

Por aqui, a presunção de inocência é história para enganar estudantes de direito. Na prática, a lógica básica de que o ônus da prova cabe a quem acusa não existe.

Estamos diante de uma oportunidade única para discutir e repensar esse cenário caótico. Afinal, se essa epidemia atingiu o maior cantor do país, o que ela não pode — e já faz! — com o cidadão comum?

A pergunta que fica é: saberemos aproveitá-la ou continuaremos acreditando que a regra é exceção?

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